GÊNESE FEMININA: UMA ANTROPOLOGIA FEMININA e o que significa ser mulher.


Gostaria de resumir nesse texto tudo aquilo que creio e que já me dediquei a estudar e escrever sobre feminilidade, sobre o que significa ser mulher, seu valor e papel segundo as Escrituras. Gostaria também de poder sempre começar cada texto prático que escrevo para o público feminino com esse resumo, para que não restassem dúvidas a respeito do fundamento sobre o qual construo toda e qualquer aplicação prática para os assuntos da mulher. Infelizmente não há como um resumo como este ser tão curto assim.

Uma boa antropologia feminina passa por uma boa compreensão da gênese feminina. Entender o verdadeiro lugar da mulher no mundo passa pelo entendimento das intenções do Criador ao projetá-la segundo revelado nas Escrituras Sagradas.

Gostaria de oferecer uma breve definição de feminilidade segundo as Escrituras e falar um pouco sobre cada um dos pontos mais básicos.
Salientando as limitações de qualquer definição, proponho que

“A mulher é uma criação boa e distinta de Deus feita à sua imagem e semelhança, igual ao homem em dignidade e valor e diferente em funções e ordem em contextos específicos, criada para atuar no mundo em parceria complementar indispensável com o homem e sob a sua liderança visando a glória de Deus”

A primeira parte da minha definição diz que a mulher é

UMA CRIAÇÃO BOA E DISTINTA DE DEUS (Gênesis 1:31)

Dizer que a mulher é uma criação boa e distinta de Deus significa dizer que Deus criou a mulher de forma intencional, proposital, não por acaso ou por deslize.

Ao criar a mulher, Deus tinha em mente planos e propósito bons. A mulher é obra das próprias mãos de Deus e tudo que Deus faz é bom – MUITO BOM. A criação da mulher está incluída no ‘muito bom’ da obra de Deus.

A mulher não é uma criação inferior, não é uma maldição nem muito menos um castigo para o homem. Antes, é um presente necessário e indispensável. A reação de Adão ao receber esse presente maravilhoso de Deus aponta para esse fato (Veja a primeira poesia romântica da humanidade em Gênesis 2:23).

O entendimento correto da gênese feminina exclui qualquer entendimento equivocado de que a mulher foi criada de forma inferior, defeituosa, desprezível, com capacidades limitadas.

A segunda parte da definição diz que a mulher foi

FEITA À SUA IMAGEM E SEMELHANÇA, IGUAL EM DIGNIDADE E VALOR (Gênesis 1:27)

Ambos, homem e mulher são criados igualmente à imagem de Deus. A imagem de Deus é o que nos faz humanos, diferentes do restante da criação. É o que nos confere dignidade e valor. A imagem de Deus na mulher garante a ela os ‘direitos humanos’ e a desaprovação cabal do Criador contra qualquer tipo de abuso, maus tratos, violência, morte ou privação de direitos

Por mais difícil que seja determinar o que significa plenamente ser feita à imagem de Deus, podemos dizer que significa tudo aquilo que nos distingue do restante da criação, mas que é próprio do Criador e é comunicado por Ele a nós, que nos capacita nos relacionar com Ele e a cumprir aquilo que Ele espera de nós.

Dizer que a mulher foi igualmente criada à imagem de Deus significa dizer também que ela foi criada com inteligência, criatividade, capacidade para se relacionar com outros. Ao criar a mulher à sua imagem e dotá-la de incrível intelecto, criatividade e capacidade, Deus faz isso com intenção clara. Deus não daria tais capacidades à mulher para que fossem ignoradas, sufocadas, desprezadas ou subutilizadas. Deus deseja que a mulher use toda a capacidade dada por Ele para a sua glória.

A terceira parte da definição aponta para o fato de que existem diferenças fundamentais enraizadas na forma e no propósito criativo do nosso Deus para a mulher:

A MULHER É UMA CRIAÇÃO DIFERENTE (Gênesis 2:21,22)

A mulher é fruto de um ato criativo diferente. Ela é uma criação distinta com características e potencialidades especiais. Deus cria a mulher fisicamente diferente, diferenças que são profundas e que inegavelmente se refletem na sua forma de ser, pensar, agir – hormônios, ciclos reprodutivos, etc. As diferenças apontam para o fato de que mulher é fisicamente mais frágil em comparação com o homem (1 Pe 3:7), mas de maneira alguma que ela é fraca, débil, incapaz.

Ela também é criada com funções biológicas diferentes e dentre essas se destaca a maternidade.

Assim como não foi sem intenção que Deus deu capacidades, talentos e dons à mulher, não foi à toa que Ele a criou com o potencial sobremodo maravilhoso para a maternidade. Dentro do propósito e do lugar da mulher no mundo destaca-se a missão materna da mulher. Embora essa não seja a única missão da mulher, ela assume um caráter prioritário para aquelas a quem Deus a concedeu.

Além das diferenças físicas, biológicas, orgânicas, existem outras características distintivas da feminilidade que estão intimamente relacionadas com a forma como o Criador planejou e criou a mulher e que apontam para funções específicas e para uma ordem estabelecida por Deus no relacionamento entre homem e mulher.

A quarta parte da minha breve definição diz que a

MULHER é criada por Deus com UMA FUNÇÃO ESPECÍFICA (Gênesis 2:18)

Existem implicações da forma como Deus criou a mulher que, embora não estejam claras na narrativa de Gênesis, são clareadas e explicadas pelo apóstolo Paulo no Novo Testamento. Essas implicações apontam para funções e ordem específicas em contextos específicos.

A mulher foi criada DO HOMEM E PARA O HOMEM (I Co 11). Ela foi criada para ser ajudadora, auxiliadora, parceira e é colocada sob a liderança masculina – o homem é o cabeça (I Co 11).

Isso não significa que a mulher é criada como apêndice, incapaz e dispensável. Pelo contrário, ela é necessária (Gênesis 2:18). Como vimos anteriormente, isso fica claro a partir do caráter de quem a criou e do suspiro de gratidão e reconhecimento de Adão (Gênesis 2:23).
A mulher não é inferior e isso fica claro através do princípio da cooperação e interdependência determinado por 1 Co 11:11,12. A mulher tem uma missão em parceria necessária e indispensável com o homem.

Entretanto, dentro desta parceria organizada em uma equipe complementar regida pela mutualidade, Deus estabeleceu uma organização econômica, funcional. Alguém tem que liderar, e o Senhor escolheu que fosse o homem. Essa ordem se manifesta de forma clara e específica no lar e na igreja.

A quinta e última parte da definição trata da nossa função e lugar nesse mundo dentro do plano de Deus e diz que a Mulher foi

CRIADA PARA ATUAR NO MUNDO EM PARCERIA COMPLEMENTAR INDISPENSÁVEL COM O HOMEM PARA A GLÓRIA DE DEUS (Gênesis 1:28)

Em Gênesis 2:26-28 vemos que ambos, tanto o homem quanto a mulher, recebem o que chamamos de ‘Mandato Cultural’. O Mandato cultural é a tarefa dada por Deus ao homem e à mulher de cuidar e abençoar a terra. Ambos, homem e mulher, são co-regentes, co-administradores. Ambos têm a missão de espelhar e espalhar a glória de Deus.

Não apenas o homem, mas a mulher também recebe o dever e a responsabilidade cultural de usar as capacidades dadas por Deus para agir para o bem do universo criado e da família em parceria complementar indispensável sob o cuidado da liderança masculina para a glória de Deus.

Concluindo,

Ser feminina é, então, viver de acordo com o projeto e os desígnios divinos para a mulher.
Em outras palavras, honrar sua natureza feminina e o seu Criador é desenvolver da melhor maneira possível todo o potencial (criativo, artístico, intelectual, físico, social, espiritual, etc.) projetado por Deus. E fazer isso em parceria complementar harmoniosa e necessária (contrário de competição) com o homem tendo como alvo principal a glória de Deus.

A mulher tem a responsabilidade de desenvolver suas capacidades e usá-las para abençoar o mundo, a sociedade, as pessoas e também a igreja de maneira que glorifique o Criador. Cada mulher, de acordo com as capacidades dadas por Deus, tem uma missão específica e um modo especial de realizar essa missão.

O ensino bíblico de feminilidade é que a mulher deve exercer seu mandato cultural através do pleno desenvolvimento de suas capacidades observando suas oportunidades e prioridades para o bem do mundo e para a glória de Deus. Com base no que vimos, feminilidade tem mais a ver com ser digna, capaz, ativa, necessária, respeitável, humilde, serva. As Escrituras estão recheadas de exemplo de mulheres fortes, determinadas, centradas nas Escrituras.


E então, qual o lugar da mulher do mundo? Só dentro de casa? Só fora de casa?

LUGAR DE MULHER É ONDE DEUS DISSER!

Para encerrar, eu gostaria de falar sobre mais um princípio, mesmo fora da definição, que nos ajuda a saber qual o nosso lugar no mundo diante de tudo o que vimos sobre o que significa feminilidade. Eu creio que aqui é onde há mais confusão e falta de entendimento entre as mulheres que geralmente caem em extremos igualmente perigosos. Esperam respostas do tipo 'pode' ou 'não pode', do tipo 'tudo' ou 'nada'!
Mais do que oferecer respostas prontas, o lugar da mulher deve ser determinado observando os princípios de mordomia, prioridade e motivação.

Princípio de Discernir os tempos e aproveitar da melhor forma possível todas as oportunidades

Os princípios delineados acima (o princípio de igualdade, da imagem de Deus, de exercício de seus dons e capacidades, de cumprimento de seu mandato cultural) são absolutos, mas a aplicação deles pode significar diferentes coisas de acordo com o tempo e com as oportunidades de Deus para cada mulher em específico.

A melhor forma para entender o que Deus espera de cada mulher é entender que existem ‘tempos e tempos’ em sua vida. (Sabedoria de Salomão em Eclesiastes 3) e aplicar os princípios que vimos a cada um desses tempos.

Existe o tempo da juventude,
Existe o tempo da solteirice (que pode ser passageira ou permanente),
Existe o tempo do casamento sem filhos (pq eles ainda não vieram, pq nunca virão, ou pq já cresceram)
Existe o tempo do casamento com filhos pequenos

Sobre este último tempo (filhos pequenos) faço questão de frisar a prioridade e a sublimidade da missão da mulher dentro do lar. A mulher cumpre uma função social elevadíssima quando cuida da futura geração. Napoleão, quando foi perguntado sobre como recuperar prestígio da França disse: Dêem-nos melhores mães! (É claro que neste mundo caído muitas são as situações adversas que impedem verdadeiramente que muitas mães se dediquem integralmente ao filhos.)

O que podemos dizer com convicção é que cada mulher deve ser capaz de discernir os tempos específicos de sua vida e buscar desenvolver tudo aquilo que Deus lhe deu, observando suas prioridades (dando mais importância ao que é mais importante para Deus) e aproveitando da melhor forma as oportunidades que o Senhor lhe dá.

Deus deseja que cada mulher esteja em pleno desenvolvimento e exercício de suas potencialidades (dons, talentos, capacidades intelectuais), cumprindo seu mandato cultural de forma produtiva, atuante e relevante (seja no lar, na igreja, no mundo) para a glória de Deus discernindo os tempos e aproveitando todas as oportunidades.

Cada uma de nós haverá de prestar contas de como administramos tudo aquilo que Deus nos deu: capacidades, intelecto, família, dons, tempo e oportunidades.

O mais importante: todo o esforço, todos os planos e projetos devem ser submetidos ao Senhor, considerando Seu querer e Sua vontade, buscando glorificar e espalhar a Sua glória por onde passar - tudo deve ser feito por causa Dele, por meio Ele e para Ele.

CONCLUINDO

Os planos e a vontade de Deus para a mulher não são mesquinhos e limitadores (muito pelo contrário). A mulher que busca ser o que Deus planejou para ela ser e busca estar onde Ele designou que ela estivesse faz diferença no mundo e marca a sua geração. Ela estará sempre preparada para qualquer situação, mesmo as mais difíceis. Não apenas porque cuida de usar bem tudo o que o Senhor lhe deu, mas, acima de tudo, porque tem a confiança de estar no centro da vontade de Deus, confiante em sua vontade soberana e debaixo do seu cuidado de amor.

Que honremos a nossa natureza feminina e glorifiquemos ao nosso Criador com tudo aquilo que Ele nos deu de acordo com os termos dEle. Sem sombra de dúvidas isso é o melhor para nós.

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7 comentários

  1. Como sempre, texto muito edificante! Parabéns!

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  2. Olá Renata, Procurando no google sobre feminilidade ao olhar cristão achei seu blog e simplesmente amei! este texto especificamente foi esclarecedor e edificante para mim! Trabalho com mulheres e busco textos que vão de encontro com a minha religião e não abro mão disso! Te seguirei a partir de agora!! Obrigada! Deus a abençoe!

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  3. Renata, estou fazendo um curso sobre as Mulheres da Bíblia e descobri seu blog. Fantástico! Irá me ajudar bastante. Tenho muita dificuldade para entender o "ser" feminino dentro de um contexto bíblico (estou frequentando uma igreja agora). Sou psicóloga e trabalho com o feminino e sinto que seu olhar irá me ajudar grandemente. Parabéns!

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  4. Renata obrigada pelo texto maravilhoso! Estou buscando entender os princípios da feminilidade e tentando aplicar em minha vida.

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  5. Glória a Deus por esse material. Obrigada, Renata!

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  6. Obrigada por compartilhar esse texto incrível que tem me ajudado a aprender mais e mais para que fui criada, e, onde é meu lugar em Deus. Que o Senhor continue abençoando ricamente sua vida!

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  7. Muito interessante esse texto. Sou uma mulher que nunca me encaixei bem nas definições de feminilidade do mundo ou interpretações errôneas da Bíblia. Sempre gostei mais de coisas que a sociedade atribui como sendo do perfil masculino como futebol, a cor azul, alguns brinquedos do meu irmão (pois os objetos não tinham a ver com o cuidado da casa e estimulavam um pouquinho mais minha criatividade. Teve uma vez que fiz os brinquedos de meus irmão como uma academia/colégio de super-heróis kkkkk), brincadeiras que os meninos de minha época brincavam como soltar pipa, bolinha de gude (sempre quis brincar dessas coisas e os meninos não deixavam). Hoje eu penso que nada disso me fizeram querer ser menino, mas fizeram eu achar injusto como a sociedade age com as meninas e com os meninos de forma diferente. Ensinam desde cedo que a menina tem que cuidar do lar e ser boazinha e o menino nem ensinam nada de responsabilidade. Exemplos: Enquanto a menina lava prato, o menino fica andando de bicicleta. Nem sei quantas vezes vi mulheres em suas casas fazendo a janta e os homens numa mesa de bar ou jogando jogos de tabuleiro com seus amigos. Pra mim, isso é muito injusto. E os homens deveriam ser ensinados a ter responsabilidades tbm, desde menino. Ambos precisam ser crianças responsáveis e, posteriormente, adultos responsáveis.

    Porém, seu texto me ajudou a gostar de ser mulher, a ver que feminilidade não é o que a sociedade diz ser. Que ser mulher não é ser capacho dos homens. E que ser homem não é ser o mandão, não é deixar as esposas fazerem todas as atividades do lar. A liderança masculina no casamento é uma liderança servil e não a que o mundo prega. Somos chamadas e chamados a sermos como Jesus. E Glória a Deus por Ele ter vindo na pessoa de Jesus e nos mostrado como viver. Quando olho pra Jesus, toda a tristeza que sinto com o tratamento que o mundo dá as mulheres, desaparece e vejo que há sim uma solução. Que homens e mulheres podem ser interdependentes, que a mulher não é inferior e nem um ser mal (como dizem alguns religiosos), que o homem precisa da mulher e a mulher precisa do homem.

    Obrigada pelo seu texto!

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