Envergonhada e decepcionada comigo mesma. O que fazer quando eu pecar?


Envergonhada e decepcionada comigo mesma. O que fazer quando eu pecar?


Existem momentos em que nos sentimos como se perdêssemos as rédeas de nossa santidade. Nos vemos em um turbilhão que nos leva cada vez pra mais longe de onde gostaríamos de estar e de onde nos esforçamos e batalhamos como cristãs para permanecer. Esses dias passei por uma série de ‘bad heart days’ (aquele dia em que o coração está uma tristeza só). Seria a minha versão espiritual daquilo que chamam de ‘bad hair day” (aquele dia em que o cabelo está uma tristeza só). Me perdi de tal forma que minha rotina de devoção foi por água abaixo, minha alegria e contentamento escoou pelo ralo, minha paciência voou pelos ares e... eu pequei! Pequei em coisas que já vinha conseguindo vencer há anos.

Quando pecamos e fracassamos em seguir o que o Senhor espera de nós somos instantaneamente tomadas pelos sentimentos de derrota, decepção e vergonha. E geralmente esses primeiros sentimentos que nos acometem estão direcionados para o lugar errado. O sentimento de derrota e decepção são sentimentos mais relacionamos à nos mesmas, à nossa cobrança própria, ao nosso ego – ‘Eu estava indo tão bem, não acredito que cai mais uma vez!’ ‘Como eu fui capaz de fazer isso mais uma vez!’ ‘Como cheguei a esse ponto!’ O sentimento de vergonha muitas vezes está relacionado com os outros, sejam aqueles que foram vítimas do nosso pecado ou que foram testemunhas dele – ‘O que vão pensar de mim!’ ‘Nunca mais vão me olhar direito!’ ‘Perdi minha credibilidade!’ ‘E agora?!’

Mas esses sentimentos de fracasso, decepção e vergonha não são suficientes pra resolver o problema do nosso pecado. Muitas vezes eles tiram de nós o foco correto, a sobriedade e objetividade que são necessários pra tratar o pecado como ele realmente merece. Esses sentimentos podem nos fazer olhar excessivamente pra nós mesmas e nos fazer desanimar, nos paralisar. E se olharmos só para nós mesmas logo chegaremos à conclusão de que nem vale à pena lutar, de que o caso é perdido. Assim nos colocamos no olho de um furacão que nos suga cada vez mais pra baixo e não nos leva a lugar nenhum.

Eu creio que a decepção, o sentimento de fracasso e a vergonha tem seu valor – o de nos fazer enxergar e reconhecer a nossa podridão e a nossa necessidade do Senhor. Afinal, aquele que é nascido de novo não tem prazer no pecado e realmente se sentirá muito mal toda vez que pecar. E tanto eu como você, que nascemos de novo e queremos prosseguir em nossa santificação, mortificando nossa natureza carnal e deixando os velhos pecados para traz, naturalmente ficaremos tristes quando cometemos algum deles novamente.

Mas precisamos ter em mente que a nossa incapacidade é só uma parte da história. Precisamos lembrar que estamos ‘em construção’, em um processo de santificação que começou quando Cristo nos salvou e só terminará quando recebermos nossos corpos glorificados completamente livres de qualquer mancha de pecado. Enquanto estivermos aqui não conseguiremos viver completamente sem pecar, apesar de que esse deve ser o nosso alvo e o nosso esforço diário.

João fala desse duplo aspecto de nossa realidade para com o pecado quando diz: Meus filhinhos, escrevo-lhes estas coisas para que vocês não pequem. Se, porém, alguém pecar, temos um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo (1 João 2:1).


Infelizmente nós ainda iremos pecar. Mas não podemos permitir que o remorso, a vergonha, a decepção nos paralise em nossa caminhada rumo à santificação. Esses sentimentos fazem parte do processo de arrependimento, mas muitas vezes não nos fazem ter a atitude certa e completar o processo divino para o tratamento do pecado. Somente esse tratamento é suficiente para o perdão de Deus e para a restauração de nossa alegria e ânimo para continuar a caminhada na estrada da santificação. E o tratamento é a confissão de nossos pecados e a certeza de que obtemos o seu perdão: Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça (1 João 1:9).

Nosso pecado deve sempre ser motivo de muita tristeza e decepção, mas não somente por que nos mostra a nossa própria falta de capacidade de seguir o caminho correto ou porque nos faz vergonhosas diante das outras pessoas. Nosso pecado deve nos trazer pesar porque ele é sempre contra Deus. E é dessa perspectiva que devemos encará-lo e tratá-lo. Sempre que pecarmos – e vamos pecar – que corramos completamente e profundamente humildes, envergonhadas, tristes e arrependidas para os braços do nosso Pai, onde poderemos receber o puxão de orelha devido, juntamente com o perdão e a força pra continuarmos no caminho certo. E é assim que a Bíblia nos ensina, e é só assim que eu consigo levantar, sacodir a poeira, olhar pra Cristo e continuar.

Um abraço,
Renata Veras

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11 comentários

  1. Ótimo artigo, pra mim foi importantíssimo. Glória a Deus!

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  2. Precisava muito destas palavras Renata, Deus a abençoe.

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  3. Esse texto chegou na hora certa, é exatamente como sinto no momento.Comecei a me enxergar e detestei o que vi.Que o Senhor nos guie

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  4. Esse texto chegou na hora certa, é exatamente como sinto no momento.Comecei a me enxergar e detestei o que vi.Que o Senhor nos guie

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    1. Amém, Valdice! O primeiro passo é reconhecer nossa condição e o segundo é correr para os braços do nosso Pai! Bjs

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  5. eu tambem nesses dias estou me setindo assim decpcionada ,triste e revoltada comingo mesmo ,por mais uma me envolver em algo que eu tinha dito que nunca mais me envolveria.

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    1. É Iazara, mas corramos pra Deus em arrependimento e humildade - Ele é fiel pra nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. E é assim que a Bíblia nos ensina, e é só assim que eu consigo levantar, sacodir a poeira, olhar pra Cristo e continuar. Força e bola pra frente!! Bjss

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  6. eu tambem nesses dias estou me setindo assim decpcionada ,triste e revoltada comingo mesmo ,por mais uma me envolver em algo que eu tinha dito que nunca mais me envolveria.

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  7. Mesmo um bom tempo depois de escrito é um texto que falou bastante ao meu coração. Ótima reflexão!

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